Embora eu seja “carioca da gema”, nascida e criada na Zona Norte da cidade e moradora da Zona Sul há 8 anos, inseri esse post na categoria “viagens” porque, quando fiz esse passeio, me senti como uma turista que se apaixona pelo Rio de Janeiro ao ver pela primeira vez uma das lindas vistas que a cidade maravilhosa tem a oferecer.
A ideia de subir o Morro Dois Irmãos foi do Marcelo, que entrou em contato com a Ana Lima, guia da TRILHA DOIS IRMÃOS formada em Administração de Empresas e nascida no Vidigal. As incursões ao topo da pedra começaram na adolescência e há três anos a diversão virou um divertido trabalho, quando Ana passou a levar ao morro grupos de amigos e turistas atraídos pelas belezas naturais e culturais da região.
Para quem não conhece a geografia do Rio, copio aqui um pequeno trecho da Wikipedia sobre o Vidigal:
“Vidigal é um bairro da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Situa-se entre os bairros do Leblon e São Conrado, sobre o Morro Dois Irmãos. É reduto de diversos animais e plantas da Mata Atlântica. Até os anos 2000 era apenas uma favela, porém com a expulsão do tráfico de drogas o bairro começou a ter um lento e gradual processo de urbanização, tendo em vista seu potencial imobiliário e turístico. Possui atualmente o 21º metro quadrado mais valorizado da cidade. Considerado por muitos um cartão-postal da cidade do Rio e local favorável à pesca, ganhou fama rapidamente por ser um ótimo lugar para se contemplar a vista para o mar. Numa perspectiva romântica, algumas pessoas costumam afirmar que a vista do mar a partir do Vidigal é a mais bela da cidade do Rio de Janeiro.”
O fato da trilha começar na favela pode assustar algumas pessoas e talvez eu mesma tivesse ficado receosa de fazer o passeio há alguns anos, mas com o local pacificado e controlado por uma UPP, lá fui eu bem tranquila e super curiosa!
Encontramos a Ana no hotel Sheraton e de lá seguimos à pé até a base do Vidigal. Esperamos uma kombi que nos levou por ruelas sinuosas a um campo de futebol onde estava acontecendo a COPA ZICO. Ali começa a trilha para o topo do Morro Dois Irmãos.
Parece que a trilha é considerada de nível médio por ser razoavelmente íngreme, mas eu achei o percurso tranquilo e rápido, ao contrário das minhas expectativas.
Não precisamos caminhar muito para começar a avistar belas paisagens. Na foto acima, vocês podem ver a imponente Pedra da Gávea, a Praia de São Conrado e a Favela da Rocinha.
Segundo o CLUBE DOS AVENTUREIROS, a caminhada até o topo dura 45 minutos, mas nós levamos muito mais tempo porque paramos em alguns pontos para fotografar e ouvir a Ana contar várias histórias sobre o local, o que achei bem interessante.
O dia estava lindo e não havia nuvens no céu. Acho que o inverno é a melhor época do ano para subir o morro, já que o clima é mais ameno e o calor não desanima, rsrs!
Quando chegamos ao topo, não teve como eu não pensar: “nossa, como é linda a minha cidade”! Sei que o Rio tem muitas mazelas e o calor infernal do verão me incomoda bastante, mas a cidade é realmente deslumbrante!
Na foto acima, vocês podem ver a estátua do Cristo Redentor no cantinho à esquerda, a Lagoa Rodrigo de Freitas lá no meio e as praias do Leblon e Ipanema à direita.
O Cristo Redentor
Ficamos um bom tempo lá em cima e só havia um pequeno grupo quando chegamos, mas depois começou a subir um monte de gente. Por isso, penso que o ideal é iniciar a trilha bem cedinho.
Foi uma delícia sentar em um cantinho, relaxar e apreciar as belas vistas sem olhar para o relógio.
Havia vários pássaros voando ao nosso redor e o Marcelo aproveitou para registrar alguns deles, conseguindo belas fotos. O voo dos pássaros me passa uma incrível sensação de liberdade e pela primeira vez eu considerei a possibilidade de pular de asa delta algum dia, rsrs!
Antes de voltar, aproveitamos para registrar a presença do nosso pequeno grupo no Morro Dois Irmãos!
Fonte da imagem: http://trilhadoisirmaos.com.br/site/trilha-do-dois-irmaos/
No esquema da foto acima, vocês podem observar o caminho que percorremos.
Reparem nas casas do Vidigal voltadas para o mar: que vista privilegiadíssima!!!! Não é à toa que depois da instalação da UPP, muitos empresários brasileiros e estrangeiros adquiriram imóveis no bairro. Alguns deles pretendem construir casas e outros estão investindo em hotéis, albergues e restaurantes. Muitos comparam o Vidigal a Positano, na Itália, ou à Santorini, na Grécia. Estivemos em Santorini no ano passado (veja o post AQUI) e na época o Marcelo comentou o quanto as residências pequenas e as ruelas estreitas lembravam as favelas cariocas. É verdade! Os vilarejos gregos também parecem ter crescido de forma desordenada e possuem muitas semelhanças com a arquitetura típica das favelas.
Voltamos por dentro da favela, passando por algumas pracinhas e interagindo com os moradores, que nos saudavam com um “bom dia” bem simpático. Como a Ana havia comentado, lá todo mundo se conhece e o bairro tem um clima de cidade do interior.
Casas no Vidigal com vista para as Praias do Leblon e Ipanema
Um dos vários albergues do Vidigal
Antes do almoço, a Ana nos levou pra conhecer o SITIÊ, um parque ecológico situado em uma área de 8,5 mil metros quadrados que no passado foi um lixão onde os moradores descartavam entulho, eletrodomésticos quebrados, fogões, geladeiras, bichos mortos etc.
Um grupo de moradores incomodado com a situação arregaçou as mangas e começou a limpar o terreno. Foram necessários 8 anos para retirar todo o lixo acumulado, mas valeu a pena. Muito material foi reciclado, o Jardim Botânico do Rio doou plantas, pneus de carros foram usados como degraus e aros de bicicletas viraram tampos de mesas.
Hoje em dia o parque ecológico possui uma horta, jardins, bancos feitos de garrafas PET e um mirante, mas há um novo projeto que prevê decks de madeira, salas interativas com computadores, lugares de aprendizados para crianças, obras de arte e uma oficina de “cozinha viva” da chef Graça dos Prazeres.*
Mirante do Sitiê
Passamos por mais algumas ruelas até chegar ao badalado restaurante BARLACUBACO, onde almoçamos.
O Barlacubaco é comandado pelo Fábio e sua esposa há cerca de 4 anos e faz parte do recém lançado Guia Gastronômico das Favelas do Rio. Eu estava com muita fome e uma ideia fixa de comer feijoada. O prato farto que serve até duas pessoas custou somente 18 reais e estava delicioso! O simpático Fábio ainda atendeu ao meu pedido de separar numa cumbuca pedaços de lombo e linguiça. A feijoada veio acompanhada de farofa, arroz e salada. De sobremesa, comi um saboroso pudim de leite. Gostamos tanto que queremos voltar algum dia só pra almoçar no restaurante.
E assim terminou nosso animado “dia de turista” na Cidade Maravilhosa. Já fiz muitos programas desse tipo no Rio, mas nunca tinha subido o Morro Dois Irmãos nem entrado numa favela. Adorei a experiência!
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Deixo a seguir alguns endereços úteis para quem deseja fazer o mesmo passeio:
Barlacubaco
Endereço: Avenida Presidente João Goulart, 538
Morro do Vidigal
Tel.: (21) 2422-6649
https://www.facebook.com/restaurante.barlacubaco
Pratos mais pedidos e seus respectivos preços (em agosto de 2013)
Feijoada: R$ 18
Peixoada: R$ 22
Caipirinha de limão: R$ 5
Pudim de leite: R$ 3
Guia Gastronômico das Favelas do Rio
http://gastronomiaderua.blogspot.com.br/
http://vejario.abril.com.br/especial/guia-gastronomico-das-favelas-736848.shtml
Trilha Dois Irmãos
http://trilhadoisirmaos.com.br/site/
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Um grande beijo pra todos com votos de um dia delicioso!!!